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II workshop “Professores Investigadores”

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Resumos de comunicações apresentadas


As Escolas como espaços de Investigação e Desenvolvimento: delineando metodologias de trabalho na Escola Básica Integrada de Ginetes

Raquel Dinis

Universidade dos Açores

Conceição Medeiros

Escola Básica Integrada de Ginetes

A complexidade, a diversidade, a incerteza e a imprevisibilidade social, económica, política, organizacional e pessoal que caracterizam a pós-modernidade colocam exigências constantes à organização dos Sistemas Educativos, à administração e gestão das Escolas, bem como ao trabalho do quotidiano dos professores. A quantidade e diversidade de públicos que chegam hoje à escola desafiam o universo do conhecimento disponível sobre educação, ensino e aprendizagem, e demandam alterações substanciais nas práticas educativas, por forma a responder às necessidades e especificidades de todos os alunos.

Concomitantemente, a investigação educacional dos últimos vinte anos enfatiza sistematicamente o facto de as problemáticas do insucesso, da indisciplina e do declínio da literacia funcional continuarem a agudizar-se. As respostas tendentes à promoção da qualidade educativa apontam no sentido da construção e gestão curriculares assentes no pensamento e prática reflexivos, na investigação e na colaboração profissional.

Neste cenário, o projeto ‘Investigação e Desenvolvimento (GID)’, iniciado em 2014, desafia os membros da comunidade educativa a investigarem e a procurarem soluções para problemas por si sentidos como relevantes.

Neste âmbito, na Escola Básica Integrada (EBI) de Ginetes aderiram a este projeto cinco docentes. A investigação e análise efetuada ao contexto revelou oportuno o aprofundamento das questões relativas à elevada taxa de insucesso escolar, mais significativo nas disciplinas de Inglês, Português e Matemática. Enveredou-se por uma abordagem centrada na investigação-ação colaborativa (Kemmis, 1993; Elliot, 1989, 1993; Alonso, 2004), e assente numa perspetiva ecológica e sistémica dos processos educativos (Alonso, Peralta & Alaiz, 2001; Alonso 2000, 2004; Sácristán, 2000a). A intervenção enraíza-se na Psicologia Positiva (Marújo & Neto, 2004; Marújo, Neto & Perloiro, 2005; Seligman, 1993, 1991) e pretende-se abrangente e multidimensional, considerando os múltiplos contextos e ambientes de aprendizagem (na escola, dentro e fora da sala de aula; fora da escola na relação com as famílias e com outros agentes/parceiros).

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As Escolas como espaços de Investigação e Desenvolvimento: questões emergentes em duas escolas açorianas

Francisco Sousa

Universidade dos Açores e CIEC (Centro de Investigação em Estudos da Criança)

Os apelos à indução de uma cultura de investigação em escolas do ensino não superior remontam, pelo menos, à década de 70 do século XX, destacando-se, nessa altura, os trabalhos de Lawrence Stenhouse e a sua defesa de “uma ciência educativa em que cada sala de aula é um laboratório e cada professor um membro da comunidade científica”. Com o seu trabalho pioneiro, Stenhouse não só apela a que os professores investiguem mas também promove a ideia de que a investigação ação é o método por excelência do professor investigador. Mais recentemente, têm emergido novas abordagens à investigação realizada por professores do ensino não superior ou então com a participação destes. É o caso da investigação do design educacional, que tem várias características em comum com a investigação ação – designadamente o seu enfoque em problemas práticos, o facto de ser conduzida em contextos reais de ensino e depender da participação efetiva (não apenas da disponibilidade para fornecer dados) dos professores que trabalham nesses contextos – mas distingue-se desta última por visar a produção de princípios de design generalizáveis e integráveis na construção de uma base de conhecimento. Procurando explorar estas possibilidades de participação de docentes do ensino não superior em processos de investigação, foram recentemente criados em duas escolas dos Açores Gabinetes de Investigação e Desenvolvimento (GID), no contexto dos quais equipas constituídas por professores dessas mesmas escolas, com a participação de investigadores universitários, se debruçam sobre problemas da sua prática educativa, procurando resolvê-los ou atenuá-los através de processos investigativos. Esta comunicação relata o percurso já realizado nessas escolas: identificação de problemas a abordar prioritariamente – elevada taxa de insucesso escolar num caso e alheamento de de vários alunos em relação à escola no outro caso -, definição de planos de caracterização rigorosa dos problemas e início da recolha dos dados que fundamentam essa caracterização. Além de descrever e discutir estas etapas do trabalho já realizado ou em curso, a comunicação apresenta uma previsão do trabalho a realizar nas próximas etapas.

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O contributo da metodologia de investigação-ação na definição de estratégias de intervenção, em realidades educativas diferenciadas.

Odília Machado

Escola Básica Integrada da Praia da Vitória

Decorrente da minha participação no projeto ICR, enquanto professora titular de turma do 1º ciclo do ensino básico, o que corresponde a um total de cerca de seis anos letivos (2007/2008 – 2012/2013), a partir da apresentação desta comunicação, procurarei evidenciar em que medida a metodologia de investigação-acão tem vindo a afirmar-se como uma mais-valia, ao longo do meu percurso profissional, no âmbito da definição de estratégias de intervenção que se pretendem sobretudo eficazes e sustentáveis. É neste sentido que destacarei alguns dos princípios e procedimentos que deverão ser considerados e integrados na prática de um professor-investigador, atendendo que podem contribuir para uma melhoria de resultados quando aplicados em realidades educativas diferenciadas (numa dimensão micro, a nível do contexto de sala de aula; numa dimensão meso, a nível do contexto de uma dada escola do 1.º ciclo, numa lógica de trabalho intersalas, e, por fim, numa dimensão macro, a nível do enquadramento da relação de escolas entre si).

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Professores investigadores e formação contínua: no rescaldo do projeto ICR

Francisco Sousa

Universidade dos Açores e CIEC (Centro de Investigação em Estudos da Criança)

O projeto Investigação para um Currículo Relevante (ICR) decorreu entre 2007 e 2013 nos Açores. Foi conduzido por uma equipa que incluiu investigadores da Universidade dos Açores e professores do ensino básico ao serviço de várias escolas da Região. A equipa recorreu a processos de investigação ação colaborativa para abordar problemas sentidos pelos referidos professores, especialmente o desinteresse manifestado por muitos alunos em relação à escola e ao currículo. Pressupondo que a investigação ação possui uma dimensão formativa, o projeto possibilitou aos participantes um maior domínio de fundamentos, métodos e técnicas de investigação, investida na resolução ou atenuação de problemas relacionados com as suas práticas educativas. No ano escolar de 2011/12 ocorreu uma maior formalização da vertente formativa do projeto, através da creditação de uma ação de formação contínua de professores a ele associada. Com base na análise de dados recolhidos no contexto dessa ação de formação e no contexto de práticas formativas menos formais, esta comunicação discute a relação entre investigação ação e formação contínua, prestando especial atenção a questões de protagonismo relativo de investigadores universitários e professores do ensino não superior na condução do processo investigativo. A referida análise revela uma autonomização progressiva dos professores do ensino básico, tendo a sua responsabilização pela identificação de problemas a investigar, pela caracterização dos mesmos e pela conceção de estratégias de abordagem aumentado bastante na fase final de implementação do projeto.

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Professores investigadores e formação inicial: potencialidades do PIBID

Carmen Sanches Sampaio

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), oferecido pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de nível Superior) por meio das Universidades  brasileiras que trabalham com formação de professores, dedica-se à concessão de bolsas a estudantes de licenciaturas que se fixem na docência durante a sua graduação. Tem como objetivos potencializar: i) a reflexão sobre os contextos micro e macro da escola; ii) a organização do trabalho escolar e aprendizagem dos estudantes da escola pública; iii) a qualificação do curso de licenciatura; iv) incentivar a formação docente de forma articulada à escola pública e v) colaborar no reconhecimento de saberes diversos na escola através do trabalho (com)partilhado com docentes e discentes na perspectiva de um currículo emancipatório. O projeto PIBID da UNIRIO é constituído por 08 sub-projetos, envolve cinco cursos de licenciaturas e 13 escolas públicas. Coordeno o sub-projeto de Educação Infantil – 14 estudantes de Pedagogia que observam e investigam relações vivenciadas entre crianças e entre crianças e adultos, no sentido de valorar lógicas e saberes infantis como constitutivos dos currículos vivenciados no cotidiano de uma escola pública de Educacão Infantil. A metodologia implementada investe no diálogo e na conversa entre o vivido na escola e as narrativas – orais e escritas -, produzidas pelo(a)s estudantes abrindo possibilidades para estudos e reflexão sobre  processos formativos docentes na perspectiva da investigação da própria prática e da experiência. Formar-se professor(a) no cotidiano escolar, compreendendo-o como locus privilegiado de formação docente e produção de conhecimentos, no diálogo entre universidade e escola básica é o objetivo maior das ações implementadas neste Programa Institucional.

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Professores investigadores e formação inicial: o modelo formativo da licenciatura em educação básica, Universidade dos Açores

Francisco Sousa

Universidade dos Açores e CIEC (Centro de Investigação em Estudos da Criança)

A formação inicial de professores, tal como a formação contínua, pode contribuir para uma maior infusão de um cultura investigativa na educação. À semelhança de muitas outras instituições de ensino superior que formam professores e outros profissionais da educação, a Universidade dos Açores (UAc) tem incluído nos planos curriculares dos seus ciclos de estudos em educação unidades curriculares focadas na investigação educacional. Mas a formação de professores investigadores exige mais do que essa inclusão. Uma formação de qualidade na área da educação básica exige elevados níveis de participação dos formandos na construção de conhecimento próprio dessa mesma área, indispensável à consolidação da sua profissionalidade. Neste sentido, o plano de estudos da licenciatura em educação básica foi elaborado na UAc à luz de um modelo de formação em que a investigação assume um papel central. Assim, os promotores do referido curso destacam nesse modelo o envolvimento dos estudantes em dinâmicas de investigação associadas a problemas identificados nas instituições educativas em que realizam a sua iniciação à prática profissional. Além de explicar o modelo, esta comunicação refere algumas dificuldades relativas à sua implementação e apresenta notas de observação de práticas letivas já realizadas por estudantes. Na discussão destes dados empíricos, será enfatizado o potencial das situações observadas enquanto pontos de partida para o desenvolvimento de pequenos projetos de investigação à luz do referido modelo de formação e serão discutidos vários desafios relativos a esse mesmo desenvolvimento.

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